Blog de Margaridas Enlatadas

Peça da Cia Teatro Enlatado com textos de Caio Fernando Abreu

domingo, 12 de setembro de 2010

Margaridas dia 18.09 no Espaço Parlapatões


Estréia no Espaço Parlapatões (Praça Roosevelt, 158)
de 18 de setembro a 16 de outubro
sábados a meia-noite
O Espaço Parlapatões foi eleito o melhor teatro na escolha do público pela revista Época São Paulo na publicação O Melhor de São Paulo.

Sobre a peça fala a irmã de Caio

Margaridas no Dramas da Meia Noite


O que disseram sobre

Margaridas Enlatadas por Marco Albuquerque
Caio F. 60 anos, lembrado e reverenciado
É final de tarde de uma sexta-feira e me dirijo ao Aeroporto de Guarulhos pra pegar um vôo com destino à Porto Alegre e assistir alguns espetáculos da décima quinta edição do Porto Alegre em Cena. O primeiro deles, Margaridas Enlatadas – Caio F – 60 Anos, seria apresentado na própria noite de sexta-feira, o que me colocava em uma daquelas missões impossíveis: torcer pra que tudo desse certo e que eu pudesse estar confortavelmente sentado no Palco do Teatro de Câmara às 22 horas, horário previsto pro início do espetáculo.
A missão é quase impossível em decorrência de todas as coisas que podem dar errado: caos na Marginal Tietê, caos no Aeroporto, caos da organização do Festival (morro de medo deste tipo específico de caos…), entre outras modalidades de caos menos freqüentes (como furar o pneu do carro, ser seqüestrado por bolivianos radicais, pegar rubéola ou o teatro pegar fogo), mas com igual efeito destruidor de planos.
O caos na marginal foi o usual – umas duas horas de tráfego intenso. O caos no aeroporto foi bem melhor que o normal – apenas meia hora de atraso na decolagem do vôo. Chego a Porto Alegre pouco depois das 19 horas e me dirijo tranqüilo à Usina do Gasômetro, onde devo efetuar a troca do meu comprovante de compra pelos ingressos propriamente ditos (a organização podia facilitar a vida do público e permitir esta troca diretamente nos teatros!). Chego lá pouco antes das 20 horas (o horário em que o posto de atendimento fechava) e sou surpreendido por um revés: sou informado que o posto de atendimento fecha às 18h e não às 20h, como está marcado em destaque no meu comprovante de compra.
Meu comprovante de compra informa que a troca não pode ser efetuada no próprio teatro, mas já que o horário de fechamento do posto do Gasômetro estava errado, eu decido ignorar as demais instruções do comprovante e é pra lá que eu me dirijo, armado até os dentes e pronto pra iniciar uma briga com qualquer um da organização que tentasse me impedir de assistir o espetáculo. Sou novamente surpreendido, desta vez positivamente: uma funcionária extremamente solícita e educada pede desculpas pelo meu tour por Porto Alegre e me fornece o ingresso para o espetáculo sem qualquer tipo de objeção. Ao verificar o meu comprovante de compra ela, entretanto, me avisa que Fausto, montagem da Lituânia que eu veria no dia seguinte, teve sua sessão cancelada, porque o cenário do espetáculo foi enviado por engano para a Argentina (curioso, não é mesmo? Rende até um bom argumento pra uma peça de teatro: elenco lituano cancela apresentações e fica sem ter o que fazer em um país tropical enquanto seu cenário é mandado para a Patagônia).
Chateado pelo cancelamento de Fausto, mas contente por poder assistir o espetáculo da noite, eu aguardo na fila pra entrar no teatro, enquanto um repórter inoportuno incomoda os presentes e um modelo distribui amostras de xampu anti-caspa (humm… rende outro argumento…).
Neste exato momento, você, caro leitor, já deve estar se perguntando quando é que as Margaridas Enlatadas e o tal espetáculo delas vai aparecer nesta crítica, não é mesmo? Se você já é um leitor regular da Bacante, você já deve estar acostumado e talvez você nem tenha percebido que o espetáculo só foi brevemente mencionado e que todo o texto até aqui foi sobre outros assuntos. Se você não é um leitor da Bacante, então eu preciso explicar que muitas das críticas da Bacante são assim mesmo e podem falar sobre aquilo que acontece fora do palco, podem ser uma cartinha escrita enquanto se aguarda o espetáculo, podem ser elaboradas sem texto e até podem surgir em forma de passatempo.
De qualquer forma, leitor ou não leitor, se você chegou até aqui, já está mais do que na hora de começarmos a falar sobre Margaridas Enlatadas, que no final das contas são mesmo o assunto principal desta crítica. Então vamos a elas: trata-se de um grupo de teatro gaúcho formado por três atrizes e que participa desta edição do Porto Alegre em Cena com uma única apresentação deste espetáculo. O Caio F em questão (não confundir com a Cristiane), é Caio Fernando Abreu, escritor gaúcho cuja obra gerou uma das poucas unanimidades na cena teatral de 2008 e que completaria 60 anos de idade na data da apresentação da montagem das Margaridas.
A primeira imagem que vemos é a de um pano vermelho, estendido no chão como um tapete. As atrizes entram, uma com uma rosa, outra com diversas sacolas de compra e outra com um regador de jardim. Um forte batuque de origem africana toma conta do teatro e as três atrizes se lançam em um frenético ritual. Uma das atrizes percorre o palco com o regador, que despeja uma areia branca e forma um círculo que circunda todo o palco, depois acende vela e incensos. A segunda atriz tira pílulas e papel higiênico das sacolas, ingere as pílulas e vomita, usa um desodorante bucal, depois tira um creme hidratante de outra das sacolas e se besunta enlouquecidamente com ele. A terceira, a que está com a rosa, move-se lentamente pra trás, com movimentos quase não perceptíveis e vai recolhendo com os pés o pano vermelho que atravessa o palco. Tudo é muito hipnotizante.
Subitamente, o som e os movimentos cessam e o texto de Caio Fernando Abreu é ouvido pela primeira vez. Adaptado pelas atrizes, é dito na forma de monólogos entrecortados. São vozes de várias mulheres, cujas histórias se misturam no palco. Ouvimos a mulher que acredita que mora com um dragão e que tudo irá melhorar se ela repetir 7 vezes o mantra “Que Seja Doce!”, ouvimos a mulher que pega o marido transando com a empregada, a mulher bêbada cujo amado foi pro Sri Lanka e lá se apaixonou por outra, a mulher que tem que driblar um pedinte pra se refugiar numa sessão de cinema e assim por diante.
O espetáculo é curto, acelerado e preciso. São pouco mais de 50 minutos. Ao final fica uma vontade de quero mais. De querer permanecer com aquelas imagens, de querer ver mais daquelas atrizes, de querer ouvir mais o texto de Caio.
3 margaridas
Publicado em 15, September, 2008

POA em Cena


Margaridas no Festival de Teatro de Sertãozinho



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